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sábado, 26 de março de 2011

História de Vida a Bordo por Gabrielle Chiaratti

Aee galeraa... tudo bom?
Meu nome é Gabrielle Chiaratti e durante dezembro de 2009 e agosto de 2010 eu trabalhei a bordo de um navio de cruzeiro, o MSC Melody. Posso garantir a vocês que foi uma das melhores decisões que eu tomei na minha vida.
Castelo de Málaga na Espanha
O interesse em embarcar veio em março de 2009, eu estava desanimada com a faculdade que eu fazia e tentei mudar de vida completamente. Conhecia 2 meninas que já tinham embarcado e via suas fotos no orkut, morria de vontade de fazer algo que nem elas. Após julho comecei a fazer os exames, cursos e tirar os documentos necessários para embarcar.
Embarquei em Salvador dia 19 de dezembro como buffet boy (snack steward) totalmente nervosa, assustada, anciosa...  Cheguei e fui recepcionada pela minha cabin mate, que foi logo me explicando várias coisas usando palavras que eu não fazia idéia do que significava como "dry dock", "over night", "crew party", "crossing", "off", etc... No mesmo dia que cheguei fui trabalhar. Larguei o trampo perto da meia noite e meu pensamento assim que cheguei na minha cabine minúscula foi: "que raios estou fazendo aqui?" Lembro que esse dia eu dormi chorando.
Dia seguinte levantei 5:45 da manhã pra trabalhar e durante as 2 primeiras semanas muita coisa já mudava.
Você acaba conhecendo as pessoas com quem você trabalha e as que trabalham em outros setores, aprende a andar dentro do navio sem se perder ou precisar de um guia, pega o ritmo do trabalho e o trabalho propriamente dito, começa a saber das fofocas do navio e entra pras máfias.
Máfia é uma coisa muito importante dentro do navio, ou seja, se você não fizer parte de nenhuma delas você não sobrevive lá dentro. Talvez eu esteje sendo um pouco dramática, mas você acaba se agregando naturalmente às máfias.
Gizé no Egito
Quando você se dá conta aquilo lá já é seu mundo. É um mundo completamente fora da sua realidade de antes, um universo paralelo a gente costumava dizer no meu navio. Você se acostuma a dormir pouco e trabalhar sorrindo pois está com gente que você gosta. Trabalhando a bordo os outros tripulantes se tornam seus melhores amigos, seus colegas de trabalho, sua família, seus conselheiros, psicólogos... e por aí vai. Você realmente é capaz de matar ou morrer por uma amizade de navio, garanto a vocês. É obvio que sempre haverá pessoas que você não gosta, ou tentarão te ferrar, mas isso existe em qualquer lugar não é verdade? Mas comigo, graças a Deus, fiz muito mais amizade do que inimizade. Pra vocês terem idéia eu conheci meu namorado no navio e hoje em dia moro com ele, mais um casal e mais um cara que eu conheci no navio. A amizade que surge é muito forte mesmo.
Voltando ao trabalho... meu trabalho era paulera: café da manhã, almoço e chá da tarde, ou seja, trabalho das 6 as 18. Rolava uns estresses (óbvio), mas a gente trabalhava rindo, se divertindo, um zuando o outro, sinceramente... só vivendo pra realmente saber como é. Fora o trabalho a gente também tinha nossas horinhas de folga que geralmente eram gastas no crew bar ou nas crew parties.
Digo isso fora os lugares que conheci. No Brasil minha rota era Salvador, Maceió, Fortaleza, Cabedelo e Recife. Quando passamos para a temporada européia eu tinha 5 rotas diferentes incluindo Itália (Gênova, Olbia, Civitavecchia - Roma, Messina, Sorrento), Espanha (Palma de Mallorca, Málaga, Cádiz, Valência, Tenerife), Portugal (Lisboa e Funchal), Inglaterra (Gibraltar), Cabo Verde (Mindelo), Egito (Alexandria), Grécia (Rhodes e Pireus - Athenas), Ucrânia (Yalta e Odessa), França (Villefrance), Turquia (Istambul e Antalya), Marrocos (Casablanca), Chipre (Limassol).
Thiago Luiz e eu em Roma
Tenho foto em todos os lugares, mesmo trabalhando sempre dá tempo de descer pra conhecer a cidade.
Lugares que eu nunca imaginei conhecer eu conheci. Gente, só estando lá e vivendo isso tudo pra saber como é. Muita gente diz que por já viver fora so Brasil sabe como é, mas acredite, não sabe.
Você dorme em um país e acorda em outro, você convive com pessoas de nacionalidades diferente: italiano, indonesiano, filipino, indiano, romeno, ucraniano, croata, samoa, hondurenho, el salvadorenho, cubano... e muuuuuitas outras, para chegar ao trabalho você só pega um elevador.
Gente, é um mundo muuuuuuuuuuito louco!
Quando era dia de algum tripulante desembarcar era uma choradeira só. A gente trocava e-mails, garantia que ia continuar em contato... Hoje em dia muitos embarcaram de novo, muitos sussegaram em casa, muitos saíram do país pra tentar uma vida nova, que é o meu caso, mas a grande maioria eu ainda mantenho contato.



Foram 9 meses da minha vida de muito trabalho, muita loucura, muita saudade... mas que valeram muuuuuuuito a pena! Recomendo essa experiência pra qualquer um.

Costumo dizer que: "Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!"

Beijos galera!

Postagem dividida com Infinity Brazil.

1 comentários:

Anônimo disse...

ae anonimo aqui
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daora
felicidades a Roma
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